terça-feira, maio 22, 2007

O bug do milésimo



Finalmente chegou ao fim a saga do propalado gol n°1.000 de Romário.

Confesso que não tenho particular simpatia pela figura do Romário. Foi um dos mais brilhantes artilheiros da história do futebol mundial, com um talento ímpar para jogar naqueles últimos 16,5 metros que são a largura da grande área, mas foi sempre uma pessoa arrogante e prepotente, mal formado, com seu mau caráter acentuado pelo deslumbrante sucesso alcançado tão jovem.

Não constitui portanto surpresa que, aos 41 anos e já não podendo com uma gata pelo rabo, Romário tenha embarcado neste embuste fabricado pelo mais repugnante dos cartolas do futebol carioca, com a colaboração dos mídia e conivência dos mais diversos agentes ligados ao futebol Brasileiro.

As imagens do baixinho rodeado de companheiros, jornalistas, gândulas e picapaus de caramelo, Dona Lita e Romarinho, comemorando um suposto milésimo gol de contabilidade duvidosa é um atentado ao futebol e um total desrespeito pelas regras do jogo.

A invasão de campo que suspendeu o jogo por mais de 15 minutos, só foi resolvida pela intervenção do grande chefe Eurico para que se pudesse proceder à homenagem do seu Vasco ao homem-gol (ou direi homem-1000?) com uma volta olímpica ao estádio de São Januário, tudo com a complacência dos juízes, da CBF e das autoridades policiais.

Prova que o futebol Brasileiro está totalmente nas mãos de cartolas do calibre de Eurico Miranda e dos interesses comerciais/publicitários capitaneados pela rede globo. Se dá IBOPE...

Eurico quer contruir uma estátua de bronze de Romário, tamanho real - 1,69m - por detrás da baliza do gol 1.000. Será um ex-libris do seu projeto milésimo que, sacrificando profissionais e títulos do seu Vasco, bichou a verdade e a lei do esporte que já foi um dia, como Pelé - esse sim o verdadeiro detentor da marca, chamado de Rei.

sexta-feira, maio 11, 2007

Caveirão



O caveirão é um carro blindado adaptado para ser um veículo militar usado na guerra do Rio de Janeiro, envolvendo a polícia contra os traficantes.

A palavra caveirão refere-se ao emblema do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), que aparece com destaque na lateral do veículo. O emblema do BOPE – uma caveira empalada numa espada sobre duas pistolas douradas – envia uma mensagem forte e inequívoca: o emblema simboliza o combate armado, a guerra e a morte.

O tom e a linguagem utilizados pela polícia durante as operações com caveirão são hostis e autoritários. Alto-falantes montados na parte externa do veículo anunciam repetidamente a chegada do caveirão de forma ameaçadora:

-“Crianças, saiam da rua, vai haver tiroteio”.

-“Se você deve, eu vou pegar a sua alma”.

-“Ei, você aí! Você é suspeito. Levante a blusa, vire...”.

O governo do Rio de Janeiro justifica a utilização do caveirão para proteção dos policiais em operações nas comunidades. A adoção dessa política de segurança pública que combate a violência com violência, não só não garante a segurança dos policiais, que são muitas vezes vítimas de vingança fora do serviço, como tem resultado em grande sofrimento para as comunidades pobres do Rio, aumentando sua desconfiança na capacidade do estado de garantir a segurança dos cidadãos.

A polícia mata centenas de pessoas a cada ano no Rio de Janeiro.

Os padrões de investigação são baixos e, na maioria dos casos, os policiais envolvidos acabam impunes. A polícia declara repetidamente as vítimas como traficantes de droga mortos em“confronto” armado. Oficialmente, estes episódios são registrados como autos de resistência, uma categoria abrangente que subentende o uso de auto-defesa por parte da polícia. No entanto, em inúmeros casos, existem indícios de que ocorreram execuções extrajudiciais, muitas vezes sumárias, com uso excessivo de força.

Com o caveirão, tornou-se extremamente difícil responsabilizar a polícia em casos de violência. O anonimato dos policiais quando operam dentro do caveirão agrava o problema, pois estes atiram nas comunidades sem medo de serem identificados e processados.

O caveirão é um símbolo das falhas da política de segurança pública do Rio de Janeiro.

A segurança para todos jamais será alcançada através da violência, do confronto armado e da intimidação. Uma política inclusiva de segurança pública, baseada em técnicas de investigação e no respeito pelos direitos humanos, é o unico caminho para acabar com o ciclo de violência no Rio de Janeiro.
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O artigo acima foi extraído do site da ONG Justiça Global na sua campanha contra o caveirão.

Para assistir ao vídeo da Campanha, clique aqui.

Confira também a Campanha da Anistia Internacional Contra o Uso do Caveirão em Comunidades Carentes: em português ou em inglês.

Para ler o relatório da Anistia Internacional sobre o Caveirão "Vim buscar sua alma": o caveirão e o policiamento no Rio de Janeiro, clique aqui (português) ou aqui (inglês).

Pau no Nome